PL lança Flávio Bolsonaro ao Planalto em meio a turbulência política

O Partido Liberal (PL) oficializou nesta semana a pré-candidatura do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) à Presidência da República nas eleições de 2026, em um movimento que tenta manter a influência do bolsonarismo no cenário político nacional apesar da prisão e das controvérsias envolvendo seu principal líder, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

12/11/20252 min read

Filho assume missão política do pai

Internamente no PL, aliados do ex-presidente consideram que Flávio Bolsonaro é o nome mais apto a unificar a base conservadora e disputar a vaga contra o atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que busca reeleição. Jair Bolsonaro, que cumpre uma pena de prisão de 27 anos por liderar um plano para reverter o resultado da eleição de 2022 e tentar um golpe, não pode se candidatar até 2030, mas ofereceu seu aval ao filho.

Segundo interlocutores próximos, a indicação formaliza a estratégia de transformar o sobrenome Bolsonaro em ativo eleitoral, mesmo diante de questionamentos sobre a viabilidade política e jurídica do esquema partidário.

Candidatura “irreversível”, mas acompanhada de incertezas

Flávio Bolsonaro reafirmou publicamente que sua pré-candidatura é “irreversível” e que não há intenção de recuar, apesar de comentários polêmicos nos últimos dias sobre um possível “preço” para desistir da disputa — comentários que ele posteriormente esclareceu estar relacionados à defesa da libertação do pai e dos apoiadores presos.

A postura do senador está sendo interpretada por aliados como uma tentativa de galvanizar o eleitorado bolsonarista e o chamado antipetismo, que rejeita a continuidade do governo do PT. Flávio tenta projetar sua imagem como uma versão mais moderada do pai, capaz de ampliar apoios na centro-direita e no mercado financeiro.

Reações políticas e articulação do PL

O lançamento de Flávio ao Planalto gerou diversas reações dentro e fora do PL. Parlamentares próximos ao partido reforçam que a candidatura é “para valer” e que o PL já começou a se organizar para a campanha presidencial, com reuniões entre dirigentes do partido e parlamentares de outras siglas do chamado Centrão, como PP e União Brasil.

A corrida presidencial de 2026 ocorre em meio a um cenário de intensa polarização no Brasil. Jair Bolsonaro permanece encarcerado e enfrenta restrições legais — inclusive uma proibição de concorrer, que o impede de retomar cargo público até 2030.

Transferência de votos e dilema do centro político

No cenário atual, o nome que o mercado financeiro e boa parte dos partidos de centro gostariam de apoiar é o do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, considerado mais previsível e menos polarizador. No entanto, a política brasileira já mostrou surpresas: em 2018, quase ninguém acreditava que Jair Bolsonaro venceria a disputa presidencial — e ainda assim ele conquistou o Planalto.

Hoje, o campo de centro vive uma incerteza estratégica. É fato que esses partidos não desejam declarar apoio a Flávio Bolsonaro, recém-lançado pelo PL como candidato à Presidência. Por outro lado, também não querem “fechar portas”, pois sabem que o bolsonarismo mantém uma base fiel, ruidosa e capaz de influenciar o segundo turno.

A jogada de Jair Bolsonaro — mesmo preso, inelegível e impossibilitado de comunicação direta — foi considerada audaciosa por aliados e analistas políticos. Ao apontar Flávio como seu sucessor natural, o ex-presidente buscou promover uma arrumação interna: dar um rosto e um nome à sua base, algo que até então não existia de forma organizada. A ideia é consolidar o voto bolsonarista em torno de um único candidato, facilitando alianças futuras e evitando dispersão dentro do próprio campo conservador.